As cores que a gente via quando era criança

As recentes cenas de rigoroso inverno no hemisfério norte fizeram-me lembrar uma expressão que expressa bem uma realidade em que todos já vivemos um dia… e gostaríamos de nunca tê-la deixado. Depois da citação o leitor verá qual é essa realidade.

Num livro sobre a Rússia pouco antes do domínio comunista (1) o autor se imagina chegando a Moscou nos primeiros dias de janeiro. Fazia um frio que nós brasileiros não temos ideia do que seja: 40 o negativos, e devido a neve e o gelo abundante os “carros” puxados a cavalo não tinham rodas mas patins semelhantes aos que usam os esquiadores.

Indicado o destino ao condutor do carro, em certo momento, se vê a Basílica de São Basílio, no Kremlin, conhecida mundialmente pelas suas cúpulas multicores, multiformes, a alturas, formatos e tamanhos diferentes. O autor então comenta, extasiado:

“O que vejo? Uma Catedral? Não. Uma cascata de maravilhas que ficaram ali, pairando entre o céu e a terra, brilhando com todas as cores que nós víamos quando éramos criança”.

Ou seja, as cores que víamos na inocência…

Inocência. Quão rara e pouco duradoura esta se vai fazendo em nossos dias, destroçada pelas não-famílias, pelos mau exemplos de quem devia dar bons exemplos, pela miragem das novas tecnologias, em especial pelo vício do celular, por padrões totalmente alheios às leis da natureza e do bom senso, etc. (Aqui seria preciso por vários “etc”…)

Peçamos a Nossa Senhora, exemplo mais magnífico de inocência, que tenha piedade da situação em que as novas gerações vão encontrando, mas estejamos confiantes de que Ela reverterá a situação, pois em Fátima prometeu: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!”.

Peçamos a Maria Santíssima graças de confiança, de esperança de que, muito antes do que muitos imaginam, esse triunfo se dará. E para aqueles que se sentem na voragem de tudo quanto é o contrário da inocência, da pureza, da ordem e sobretudo do amor a Deus, que esses confiem na misericórdia d’Ela e voltem a ser verdadeiramente seus filhos.

É o que lhes desejamos nesse novo ano.

(1) Henri Troyat, A Vida Quotidiana na Rússia no Tempo do Último Czar, Ed. Livros do Brasil, Lisboa, 1988.

 

Ilustrações: Arautos do Evangelho, pixabay, Открытая Россия

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