“Abri, Senhor, os meus lábios para que louve o vosso santo nome…”
Essas são as primeiras palavras da bela oração que se reza antes do Ofício Divino e do Ofício de Nossa Senhora. Ela continua:
“… purificai também o meu coração de todos os vãos, perversos ou inúteis pensamentos; iluminai-me o entendimento, inflamai-me a vontade, para que digna, atenta e devotamente recite este Ofício e mereça ser atendido perante a vossa divina majestade”.
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Mons. João S. Clá Dias, EP
Esta oração ensina-nos resumidamente, mas de um modo perfeito, a atitude que devemos ter também ao rezar o Rosário: digna, atenta e devotamente.
O Revmo, Frei Royo Marín, dominicano e renomado teólogo, ex-professor na Universidade de Salamanca, explica cada um destes três termos
DIGNAMENTE
Esta primeira condição exige, pelo menos, que a recitação do Rosário se faça de modo decoroso, como corresponde à majestade de Deus, a quem principalmente a nossa oração é dirigida.
O melhor procedimento é rezar de joelhos diante do Sacrário — o que nos alcança uma indulgência plenária — ou diante de uma imagem de Nossa Senhora. Mas pode-se rezá-lo também em qualquer outra postura digna (por exemplo, modestamente sentado, passeando pelo campo, etc.). Seria indecoroso rezá-lo na cama (a não ser em caso de enfermidade) ou interrompê-lo constantemente para responder a perguntas alheias à oração.
ATENTAMENTE
A atenção é necessária para evitar a irreverência que ocorreria se houvesse distração voluntária.
Como querer que Deus nos ouça, se começamos por não nos ouvirmos a nós mesmos?
Contudo, nem toda distração é culposa. Não temos um controle despótico sobre a nossa imaginação, mas apenas político — como ensinam os filósofos — e não podemos evitar que ela nos escape sem a nossa permissão. As distrações involuntárias não invalidam o efeito meritório e impetratório da oração, desde que se faça o possível por contê-las e evitá-las. […]
DEVOTAMENTE
A devoção consiste numa vontade pronta para as coisas referentes ao serviço de Deus. A própria Rainha do Céu disse ao Bem-aventurado Alano de la Roche: “Sabei que, embora hajam muitas indulgências concedidas ao meu Rosário, eu acrescentei muitas mais pelas diversas partes dele em favor daqueles que o rezarem sem pecado mortal, de joelhos, devotamente, e aos que perseverarem na devoção do santo Rosário, de acordo com essas condições e se o meditarem, obterei para eles, como prêmio, a plena remissão da pena e da culpa de todos os pecados no fim da vida. E não te pareça isto incrível; isto é-me fácil, pois sou a Mãe do Rei dos Céus, que me chama cheia de graça e, como cheia de graça, farei também ampla efusão dela em favor dos meus filhos queridos”.
Encerremos, pois, com este conselho de São Luís Maria Grignion de Montfort: “Considero como um dos mais assinalados favores de Deus a graça de alguém perseverar até a morte na prática quotidiana do Rosário. Perseverai nela e tereis a admirável recompensa que está preparada no Céu para a vossa fidelidade”.
(Do Boletim Maria, Rainha dos corações – Portugal – nº 70, novembro de 2017, p. 2-3)
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