JESUS ESCONDIDO

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“Sim, ele se salvará, mas terá que rezar muitos terços” – com essas palavras Nossa Senhora referia-se a Francisco, o pastorinho de Fátima, hoje Beato Francisco Marto.

Deve ter ele efetivamente rezado muitos terços, e, como fruto necessário, a oração a Nossa Senhora levou a alma de Francisco a ter uma ardente devoção a Jesus na Eucaristia. Francisco costumava – em sua linguagem de criança –dizer “Jesus escondido”, ao referir-se ao Santíssimo Sacramento.

Mons. João Clá, Fundador e Superior Geral dos Arautos do Evangelho, no trecho de artigo transcrito a seguir, nos mostra quanto devemos ser devotos da Eucaristia.

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RAZÃO DO FERVOR PELA EUCARISTIA

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

A luz da fé é imprescindível para contemplar, ainda que por poucos instantes, a elevação e beleza do mistério da Encarnação do Verbo,pois o entendimento humano, abandonado à sua mera capacidade, não chega a alcançá-lo.

Se não fosse o auxílio da graça, jamais seria possível admitir que Deus quis Se manifestar ao mundo desta forma, promovendo a união da natureza divina com a humana na Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

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Jesus é verdadeiramente Homem, com inteligência, vontade e sensibilidade — além de ter assumido um corpo padecente, cuja origem foi miraculosa, masque se desenvolveu de modo normal, conforme as leis da natureza — e, ao mesmo tempo, Ele é plenamente Deus. Deus reclinado numa manjedoura; Deus a discutir no Templo com os doutores da Lei; Deus que mora com seus pais em Nazaré; Deus que abraça a vida pública; Deus que é crucificado…

Quantos atos de adoração e gratidão deveríamos fazer cada vez que consideramos este mistério, e com quanto fervor conviria pedir a Nosso Senhor o aumento de nossa fé n’Ele!

Ora, se tal é nossa admiração ante a grandeza do Verbo que “Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14), não menos ardorosa deve ser a nossa atitude perante a Sagrada Eucaristia, o mistério que resume todas as maravilhas realizadas por Deus para a nossa salvação. ⁽¹⁾

Como bem observa o padre Monsabré, “a Encarnação é a obra-prima de Deus. Mas esta mesma obra-prima, pessoal e viva, Jesus Cristo, Filho de Deus Encarnado, não se contenta em proclamar, à maneira das obras-primas humanas, a glória do sublime Artista que a criou. Soberanamente inteligente, bom e poderoso, Ele também quis produzir uma obra capital entre todas aquelas que seu Pai celeste O mandou executar. Esta obra é a Eucaristia”. ⁽²⁾

Assim, na Encarnação, o Filho eterno de Deus Se vela na carne; na Eucaristia, Jesus oculta não só sua Pessoa Divina, mas sua humanidade, sob as espécies de pão e vinho. Na Encarnação, Ele passou a viver e a agir como nós, do interior da santidade incriada, substancial e infinita de Deus. Na Eucaristia, Ele quer, com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, habitarem nosso interior.

Primeira Comunhão

Primeira Comunhão

Na Encarnação, a comunicação e a união foram somente com uma natureza singular, a humanidade santíssima de Cristo; na Eucaristia, Jesus Se une a todo aquele que O recebe, conforme Ele mesmo disse: “Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim e Eu nele” (Jo 6, 56).

Tal união entre Deus e o homem é a mais íntima que se possa imaginar, inferior apenas à união hipostática. É algo tão grandioso que causa assombro!

⁽¹⁾ Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO. De Sacramento Eucharistiæ. C.I.

⁽²⁾ MONSABRÉ, OP, Jacques-Marie-Louis. Le Mystère Eucharistique. In: Exposition du Dogme Catholique. Grâce de Jésus-Christ. II – Eucharistie. Carême 1884. 9.ed. Paris: P. Lethielleux, 1905, v.XII, p.5.

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(Publicado originalmente na revista “Arautos do Evangelho”, nº 162, junho de 2015, p. 9-10. Para acessar o exemplar do corrente mês clique aqui )

Ilustrações: Arautos do Evangelho

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