Dentre os sacramentos instituídos por Nosso Senhor para a salvação dos homens, um dos que certamente mais reflete sua misericórdia infinita é o da Confissão. Que alívio é para um cristão, sinceramente arrependido, saber que, no momento em que o sacerdote pronuncia a fórmula da absolvição, o próprio Deus perdoa as suas faltas, por maiores e mais numerosas que sejam.
Ao contrário dos tribunais humanos, no Tribunal da Misericórdia — é esse o nome com que muitos Santos designam a Confissão — só há uma condição para ser perdoado: reconhecer que pecou. Evidentemente que é necessário estar arrependido pelo fato de ter ofendido a Deus.
Estando verdadeiramente arrependido, é evidente que se deve ter a firme deliberação de evitar as ocasiões que o levaram a pecar. Se tivéssemos contraído uma doença mortal e a ela sobrevivêssemos, jamais nos exporíamos à mesma ocasião em que a contraímos: fosse ela o convívio com alguém que simpatizamos, mesmo um parente, ou quaisquer outras circunstâncias. Se fazemos assim para evitar uma doença prejudicial ao corpo, o que não deveríamos fazer para evitar a morte eterna merecida pelo pecado?
Quantas vidas não terão mudado, quantos trágicos caminhos não terão se transformado em uma luminosa via, dentro da silenciosa penumbra de um pequeno confessionário?
A lei que estabelece o perdão do réu confesso chama-se Sacramento da Confissão. O juiz é o próprio Deus, na pessoa do Sacerdote. (Jo 20, 23) Por isso, quando este diz: “Eu te absolvo de todos os teus pecados”, conforme a doutrina da Igreja, é o próprio Deus que absolve. Do mesmo modo, na Consagração da Eucaristia, quando o sacerdote diz: “Este é o meu corpo”, não é o corpo dele, mas o de Jesus, conforme Ele mesmo afirmou. (Cf. Jo 6, 51-57; Mc 14, 22; Lc 22, 19)
Alguns pequenos fatos a respeito dessa maravilhosa instituição cristã mostram-se extremamente úteis tanto para a formação quanto para a edificação espiritual dos fiéis.
UM ÍDOLO ADORADO
— Queres que eu te cure de tua doença? Então, promete-me que quebrarás todos os teus ídolos — disse um dia São Sebastião a um prefeito de Roma.
— Prometo-te.
O prefeito os quebrou, exceto um. E a doença continuava piorando cada vez mais. Então o santo explicou-lhe a necessidade de quebrar também o ídolo escondido que ele ainda adorava.
Quantos pecadores esquecem a necessidade do arrependimento de todos seus pecados. Não ousam quebrar o ídolo meticulosamente escondido em seu coração! O prefeito só foi curado depois de cumprir completamente a promessa.
De modo semelhante, se, na confissão ocultamos um só pecado, nenhum dos outros é perdoado.
UMA RESTITUIÇÃO
Santo Antonino disse certa vez a um demônio que estava perto do confessionário:
— Que fazes aí?
— Estou restituindo.
— Oh! Que impressionante! Ficaste bem sábio!
— Sim, quando quero fazer cair um pecador, tiro-lhe toda vergonha, e agora, quando se trata de confessar, eu a devolvo.
NEM LEVARIA ISSO EM CONTA
Foi perguntado certo dia a um santo:
— Se, entrando numa igreja, visses dois confessionários, um ocupado por um padre e outro por um anjo, a qual irias de preferência?
— Nem levaria isso em conta —respondeu o homem de Deus — pois no confessionário não há mais homem nem anjo, mas apenas Jesus Cristo.
(Adaptado de “L’Ami du Clergé”, 1908, pp. 350-352; 508-509, publicado originalmente no Brasil pela revista “Arautos do Evangelho”, nº 74, fevereiro de 2008, pp. 30-31. Para acessar o exemplar do corrente mês clique aqui )
Ilustrações: Arautos do Evangelho, Wiki
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