Consagração: participação na fé de Maria

São Luís Grignion de Montfort em seu Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem enumera os efeitos maravilhosos que a Consagração a Jesus pelas mãos de Maria produz na alma de quem a faz. Um desses efeitos – talvez o maior deles – é a participação da fé de Maria (1). Vejamos o quanto é sublime esta virtude em Nossa Senhora, da qual participamos ao nos consagramos a Ela.

Nosso Senhor Jesus Cristo, como Filho de Deus que era, via claramente as verdades reveladas por Deus e por isso não teve e nem podia ter Fé, que é incompatível com a visão. Com a Fé, cremos no que não vemos, fiados na palavra de Deus, que não pode enganar-Se nem enganar-nos.

Maria, escolhida para ser a Mãe de Deus feito Homem, é o mais alto e sublime modelo de Fé que já existiu e “a maior que já houve na terra”, conforme diz São Luís Grignion no Tratado (2).

No Evangelho, Santa Isabel sua prima, divinamente inspirada, exalta Maria por sua Fé: “Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas” (Lc I, 45).

Os Padres da Igreja reconhecem a fé de Nossa Senhora e usam expressões como estas: “pela Fé concebeu, pela Fé deu a luz”. Assim explica o grande teólogo, o Pe. Garrigou Lagrange: “sua Fé infusa era, com maior razão, profundíssima, por seu objeto, pela revelação que lhe foi feita no dia da Anunciação, dos mistérios da Encarnação e da Redenção, por sua santa intimidade com o Verbo Encarnado.

 O MAIOR ATO DE FÉ QUE JAMAIS EXISTIU

”Ademais, sua Fé era mui firme, segura e pronta em sua adesão […] Maria recebeu a Fé infusa mais elevada que jamais existiu. Assim, pois, não podemos fazer uma ideia da profundidade da Fé de Maria.[…]. Na Natividade, vê nascer seu Filho em um estábulo e crê que é o criador do universo; quando começa a balbuciar, crê que é a própria Sabedoria; quando deve fugir com Ele ante a cólera do rei Herodes, crê, sem embargo, que Ele é o rei dos reis, o senhor dos senhores, como dirá São João.

Nossa Senhora da Fé – Catedral Primacial – Salvador – BA

Durante a Paixão, Ela permanece ao pé da Cruz, firme sem desmaiar; não deixa de crer um só instante que seu Filho é verdadeiramente o Filho de Deus, Deus mesmo, que Ele é, que ainda que aparentemente vencido, é o vencedor do demônio e do pecado e que dentro de três dias triunfará sobre a morte pela sua Redenção.

Este ato de Fé de Maria no Calvário, na hora mais escura, foi o maior ato de Fé que jamais existiu” (3).

É desta fé que se refere São Luís Grignion ao mostrar que aqueles que se consagram têm uma participação: “Quanto mais ganhardes a benevolência desta Princesa e Virgem fiel, tanto mais profunda fé tereis” (4)

 

(1) São Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, Vozes, Petrópolis, 46ª edição, 2015, nº 214, pp. 207, 208.

(2) Idem, p. 207.

(3) LAGRANGE, Garrigou. A Mãe do Salvador e nossa vida interior [La Mère du Sauveur – Notre vie intérieure], Rialp, Madrid, 1990, 3ª Edição, pp.  153, 154.

(4) São Luís Grignion, Tratado, p. 207.

Ilustrações: Arautos do Evangelho, acnsf.

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