Imagine alguém que vai empreender uma longa viagem. Bastante longa; pode ser que demore 60 anos ou mais. E percebe que seus recursos são totalmente insuficientes. É uma viagem indispensável, pois é para atingir uma meta, a qual não atingida, constituiria o fracasso de uma vida inteira.
Lembra-se então de um amigo que sempre o ajudou, sobretudo nas horas difíceis. Procura este amigo, expõe a situação e ele lhe dá, nada mais nada menos, do que vários talões de cheques, todos eles assinados, e os demais dados em branco. Diz-lhe o amigo: “Na hora que precise, é só preencher no valor que quiser”.
O que se diria desse amigo? Que segurança passaria a ter nosso feliz viajante imaginário?
Pois bem, esse viajante e esse amigo existem. Onde?
O viajante é cada um de nós. O amigo, ou melhor, o Amigo (com maiúscula) é Deus. E tem uma “assessora”: Maria Santíssima.
A ORAÇÃO: UM CHEQUE EM BRANCO PASSADO POR DEUS
Cheque em branco, sim. Vejamos.
No Evangelho, diz Jesus:
“Pedi e recebereis” (Jo 16, 24)
Analisemos bem: Deus não põe condições, com, por exemplo: “Pedi, fazei tal coisa assim, assim e recebereis”. Não. Para receber basta uma coisa: pedir.
Alguém pode objetar: “Eu pedi tal coisa ou tal outra e não recebi”.
Em primeiro lugar, será que pediu o que convém? Deus como Pai pode não dar algo, pois este algo não faria bem a quem pede. Ou porque – conforme afirmam os especialista em vida espiritual – Deus quer avaliar nosso desejo, nosso empenho em obter o que pedimos. Lembremo-nos que Jesus recomendou a insistência levada até a importunidade na parábola do homem que pedia pão ao vizinho no meio da noite, (Lc 11, 5-8)
Ou, ocorre muitas vezes, Deus dá algo melhor do que o pedido.
“Pedireis tudo o que quiserdes e ser-vos-á dado”, é outra promessa de Jesus. (Jo 15, 7) Excetuando-se os pedidos que não forem para nosso bem, tudo quanto pedirmos, ser-nos-á dado. Jesus não podia ser mais claro! E lembremo-nos ser Ele a própria Verdade. Ele jamais nos daria algo que não fosse para nosso bem. Se o desse estaria nos fazendo mal, o que é impossível, pois Ele é Deus, nosso Criador e nosso Pai.
“Se pedirdes a meu Pai alguma coisa em meu nome, Ele vo-la dará”. (Jo 16, 24) Jesus antecedeu essa promessa com um juramento (*): “Em verdade, em verdade, Eu vos digo:”. Era a forma de juramento nos tempos de Jesus. Ou seja, Jesus jurou que, pedindo em nome d’Ele se obteria. Peçamos!
É essa a razão pela qual a Igreja conclui as orações litúrgicas dizendo: “por Cristo, Nosso Senhor”.
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Façamos nossas orações com esta confiança. E aqueles que pouco rezam, estimulados pela confiança, rezemos mais. E quem não reza…
Concluamos com duas frases muito oportunas:
Diz Santo Afonso de Ligório: “Quem reza se salva, quem não reza se condena”.
E da bondosíssima Santa Teresinha do Menino Jesus: “Reze, pois quem não reza vai para o inferno sem ajuda do demônio”.
(*) Os teólogos e exegetas — entre os quais vários Santos — assim interpretam.
(Se nosso visitante quiser convencer-se ainda mais do valor da oração sugerimos ler o pequeno, mas quão convincente livro de Santo Afonso de Ligório, “A oração, o grande meio de salvação” facilmente encontrável em livrarias católicas. Algumas edições recentes trazem o título O grande meio da oração)
Ilustrações: Arautos do Evangelho, acnsf, gustavo Krajl,