NEM SÓ LEÕES TEM A ÁFRICA

 

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Para o comum dos homens ocidentais, o nome “África” é no mais das vezes associado a imagens fortes, tais como predadores formidáveis: leões, leopardos e hienas, que constituem uma contínua ameaça para os viajantes incautos.

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KILIMANJARO, O MONTE DA ESPERANÇA

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Pe. Arão Naif Mazive, EP

 

E não somente feras. Também o quase sempre hostil meio ambiente africano oferece tremendos desafios ao homem, e um dos mais terríveis é o das inclementes e periódicas secas. Boa parte da África sofre deste flagelo, que traz consigo a desgraça da fome, pois grande parte da população depende diretamente da agricultura para sua sobrevivência.

As cenas dessas calamidades marcam para sempre aqueles que as viram: plantações secando irremediavelmente, uma a uma; o solo rachado pelo sol impiedoso, palmilhado por milhares de andarilhos descalços, sedentos, famintos e esquálidos; os olhos dos anciãos observando atentos o horizonte, à espera de alguma nuvem promissora que ninguém sabe quando virá, nem mesmo se virá…

Neves eternas do Kilimanjaro

Neves eternas do Kilimanjaro

Mas haverá na África apenas imagens de desolação e infortúnio? Felizmente, não. Há também cenários maravilhosos, de uma beleza difícil de encontrar em outros lugares. Um destes, do qual nunca me esquecerei, é o grandioso Monte Kilimanjaro.

Situado no nordeste da Tanzânia, próximo à fronteira com o Quênia, esse soberbo pico, com seus 5.895metros, é o mais alto do continente. Coberto por neves eternas, sua plácida e altaneira silhueta contrasta com a tórrida planície que o envolve. Mesmo a grande distância, ele proporciona uma tão sublime visão que os wachaggas, habitantes da região, reverentemente o chamam de “Kibo”, ou seja, em sua língua, “Esperança”.

Kilimanjaro visto do Quênia

Kilimanjaro visto do Quênia

Na denominação dada por esse antigo povo africano não deixa de transparecer um fundo de verdade. Pois, ao ver o majestoso cimo coberto por seu branco imaculado destacar-se em meio à savana causticada, a primeira ideia que salta à mente é a de conforto e esperança.

Os panoramas grandiosos possuem o admirável dom de elevar nossos corações às realidades sobrenaturais. Quando vi o Kilimanjaro por primeira vez, ele me trouxe à lembrança algo de um valor imensamente maior: a Igreja Católica. Tal como ele, a Igreja se eleva desta terra apontando para o céu, como a indicar-nos onde se encontra o lenitivo para todas as nossas aflições.

Realmente, em meio a tantas dificuldades e carências pelas quais passa esse sofrido continente, a presença reconfortante da Igreja é semelhante à do Monte Kilimanjaro em meio à aridez. Mais ainda, a Igreja é não apenas um símbolo: ela é de fato portadora de esperança, de vida e de um futuro melhor para a África.

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É verdade que a ação evangelizadora e civilizadora de tantos missionários trouxe a dignidade a muitos africanos que a tinham perdido, ou mesmo nunca a possuíram. Mas não é só, nem principalmente, isso. A Igreja proporcionou-lhes o precioso auxílio sobrenatural, e através dos sacramentos, abriu a incontáveis almas as portas do Céu, onde Deus,  que é Pai de todos, espera a cada um de nós.

Terá sido exagero pensar em tudo isso ao contemplar o soberbo monte nevado em plena savana africana? Creio que não. É difícil não ver a cativante beleza do Monte Kilimanjaro como símbolo da esperança de que um dia todos os povos da África, e do mundo inteiro, possam estar unidos sob o manto protetor de Nosso Senhor Jesus Cristo, em cumprimento de sua divina promessa: “E haverá um só rebanho e um só pastor”(Jo 10, 16).

 

(Publicado originalmente na revista “Arautos do Evangelho”, nº 70, outubro de 2007, p. 50-51. Para acessar a revista Arautos do Evangelho do corrente mês clique aqui )

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Pe. Arão - Ordenação Sacerdotal

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Após a primeira Missa com as irmãs africanas da Sociedade Regina Virginum, dos Arautos do Evangelho

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Celebrando na Basílica Nossa Senhora do Rosário - Brasil

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Celebrando em Moçambique, sua terra natal

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Ilustrações: Arautos do Evangelho.

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