O veleiro conseguiu vencer a tempestade. O mar ainda estava um pouco agitado, mas era preciso desfazer várias medidas, necessárias para a tempestade, mas agora indispensáveis para retomar velocidade. Nessa etapa intermediária entre o perigo e a bonança a vigilância costuma diminuir.
— Homem ao mar!
A tripulação, na quase totalidade, estava na proa, de onde caíra o marujo. Jogam-lhe duas boias salva-vidas mas não notam que na outra ponta do navio um outro marujo — Jean —, excelente nadador, pulara ao mar para socorrer o que caíra.
Não demorou muito, para o primeiro (o “homem ao mar”) ser resgatado e o veleiro retomar a velocidade… deixando o segundo homem para trás. Não o haviam percebido, uma vez que pulara da outra extremidade do navio.
Não ouviram os seus brados e o navio afastou-se.
Dirigiu-se para a boia que ficara. Aí, pode ver toda a situação em que estava: sua ausência não seria notada, pois naquela noite não teria nenhuma função.
Fez-se noite, e as horas foram passando. Em certos momentos Jean chegava à beira do desespero. Mas, como um raio de luz, veio-lhe a lembrança o que aprendera no ensino religioso: Nossa Senhora é a verdadeira Estrela do Mar — Stella Maris — e a oração: nunca se ouviu dizer que alguém fosse por Ela abandonado. Rogou pois à Maria Santíssima e o ânimo voltou-lhe, apesar na noite escura pois o céu estava inteiramente coberto de densas nuvens.
Às primeiras e tênues luzes do alvorecer percebe o vulto de um veleiro que se aproximava. Mais de perto vê bem claro: era o “seu” veleiro. Içaram-no para bordo: estava salvo. Nossa Senhora não faltara à promessa da oração.
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(Condensado de “Maria em nossa história”, Pe. Raul Plus, União Gráfica, Lisboa, 1943, p. 127.)
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