Abrir um jornal, ligar uma televisão ou qualquer outro meio de informação (as propaladas mídias), em geral, ao cabo de algum tempo de noticiários a sensação cada dia mais frequente é a de náusea: os crimes mais abomináveis, a falta de compostura — para falar em termos brandos… — daqueles de quem se deveria esperar pelo menos honestidade, a violência desenfreada, as intrigas, a devassidão, são o prato do dia a dia.
Se observarmos bem, onde a maioria dos homens — e mulheres — põe a mão parece só gerarem desastres, discórdias, tudo apontando para um futuro sombrio.
Entretanto há uma solução. Para ela nos aponta o Mons. João Clá Dias, EP, Fundador dos Arautos do Evangelho em consonância com a convicção de que Deus não nos abandonará.
Poderíamos comparar muita coisa da situação atual do mundo à do filho pródigo do Evangelho: abandonou a casa paterna — a Santa Igreja Católica — na ilusão de encontrar a felicidade. Não a encontrou, pois ninguém encontra uma coisa onde ela não está.
O que fazer, senão seguir o exemplo do filho pródigo: foi quando chegou a ter que disputar a comida dos porcos que teve saudades da casa paterna.
Vejamos — e meditemos! — as palavras do Mons. João Clá, Fundador dos Arautos do Evangelho, para reavivarmos a esperança da ajuda paterna de Deus que nos criou e não quer outra coisa senão que sejamos felizes. Basta-nos voltar à casa paterna.
VOU VOLTAR PARA A CASA DE MEU PAI
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
O filho pródigo, outrora abastado, tornou-se um indigente faminto, cuja situação desesperadora o fez aceitar o humilde trabalho de guardador de porcos.
É um símbolo da completa miséria à qual o pecado mortal reduz a alma, arrancando-lhe todos os méritos e tornando-a merecedora do inferno, realidade tão mais terrível que a do filho pródigo.
O grande teólogo, Frei Antonio Royo Marin, OP, ⁽*⁾ comenta: “Não há catástrofe nem calamidade pública ou privada que possa ser comparada à ruína causada na alma por um só pecado mortal. É como um desmoronamento instantâneo de nossa vida sobrenatural, um verdadeiro suicídio da alma em relação à vida da graça”.
Não é raro, porém, Deus permitir que o pecador caia neste ínfimo estado para então fazer nascer em sua alma as saudades da inocência perdida.
Só então, em meio às amargas frustrações do pecado, o jovem começou a refletir, contrastando a penúria em que se encontrava com a abundância da casa paterna. Veio-lhe à recordação a bondade e o afeto de seu pai, o maior bem perdido com a vida desregrada que levara. Suas palavras deixam transparecer essa disposição de alma, pois se referem não a um simples retorno ao lar, mas a um desejo de pôr-se novamente sob tal amparo: “Vou voltar para meu pai”.
No entanto, jamais teria ele decidido abandonar o pecado se não houvesse a ação da graça em sua alma, pois é impossível ao homem converter-se movido apenas pela própria força de vontade, conforme sublinha Santo Agostinho: “Ninguém se arrependeria de seu pecado se não houvesse um chamado de Deus”.
⁽*⁾ Frei Antonio Royo Marín, OP, Teologia de la salvación, 3ª ed, Madrid, BAC, 1965, pp. 68-69.
(Trecho do artigo “Entre o perdão e a perseverança, Deus prefere o quê?”, in “O inédito sobre os Evangelhos”, Libreria Editrice Vaticana, 2012, vol. VI, p. 350-351)