O Papa Pio IX, proclamou em 1854 o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, para o regozijo de todo orbe cristão. Sublime prerrogativa esta, a de ser preservada de toda mancha!
Este dogma contém não só um aspecto negativo— ter sido Ela concebida sem pecado — mas também o aspecto positivo: foi concebida em graça, como afirma o Concílio Vaticano II: “enriquecida, desde o primeiro instante da sua Conceição, com os esplendores duma santidade singular”. ⁽¹⁾
A MAIOR SANTIDADE CONCEBÍVEL ABAIXO DE DEUS
O Espírito Santo habitou n’Ela desde o início de sua existência, enchendo-A de seus dons, virtudes e carismas conforme ensina o Beato Pio IX: “Ela possui tal plenitude de inocência e de santidade que, depois da de Deus, não se pode conceber outra maior”. ⁽²⁾
É a essa plenitude de graças que faz referência o Arcanjo Gabriel na sua saudação: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 28).
Enganar-se-ia quem a imaginasse uma “moça boazinha”, com suas falhas e defeitos, que foi repentinamente tomada pelo Espírito Santo no momento da aparição de São Gabriel.
Conforme explica um renomado teólogo do século XX, a doutrina de que a graça inicial de Maria fosse superior à de todos os Anjos e Santos reunidos é “completamente certa em Teologia”. ⁽³⁾
Para explicar essa afirmação, outro teólogo contemporâneo aduz diversos argumentos, entre os quais o seguinte: “Como o ser preservada de pecado não é outra coisa senão possuir a graça santificante desde o princípio da existência, e como Maria foi preservada de modo singularíssimo do pecado original, segue-se claramente que desde o princípio esteve cheia de graça”. ⁽⁴⁾
São Tomás argumenta que “quanto mais próximo está alguém do princípio, seja qual for o gênero, mais participa de seu efeito”. ⁽⁵⁾ Ou seja, assim como quem se coloca mais perto do fogo mais se aquece, quanto mais uma alma se aproxima de Deus tanto mais participa de seus dons. E conclui: “Ora, a Bem-Aventurada Virgem Maria foi a que esteve mais próxima de Cristo segundo a humanidade, pois foi d’Ela que Cristo recebeu a natureza humana. Eis por que Ela tinha de obter de Cristo uma plenitude de graça maior do que as outras pessoas”. ⁽⁶⁾
PODER DE SUA INTERCESSÃO
Nossa Senhora tem, como vimos, a maior plenitude de graças concebível abaixo de Deus. É ainda a Mãe do Redentor e co-Redentora Ela mesma; é nossa Mãe de fato — pois Jesus no-La deu por Mãe pouco antes de expirar: “Eis aí tua Mãe” (Jo 19, 27).
Como não confiar n’Ela de modo pleno, absoluto?