A revista “Clarão do norte” de Montes Claros publica esta semana um interessante artigo. Faz assim eco às consagrações a Jesus pelas mãos de Maria de centenas de montesclarenses promovidas pelos Arautos do Evangelho. O texto — transcrito a seguir — fala por si.
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CONSAGRAÇÃO A JESUS POR MEIO DE MARIA
“Foi por meio de Maria que Jesus veio ao mundo e é por meio d’Ela que Ele deve reinar no mundo”.
Assim inicia a sua bela obra intitulada “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, o grande apóstolo de Maria, São Luís Maria Grignion de Montfort.
Em nossa querida cidade, milhares de pessoas já se consagraram a Jesus por meio de sua Mãe, pelo método deste grande santo mariano.
O curso de Consagração é ocasião para receber abundantes graças e, segundo o testemunho dos próprios consagrados, também um meio de conversão, progresso espiritual e perseverança na fé.
Jesus é nosso Salvador; é por meio d’Ele que nos chega toda a graça. Contudo, foi Maria Santíssima quem O gerou, foi por meio de d’Ela que se fez Homem e Redentor.
Esta Consagração consiste em nos unirmos mais especialmente a Maria, para que Jesus seja gerado em nossas almas.
O CULTO DE HIPERDULIA
Um pouco de instrução basta para um católico conhecer a forma de louvor que a Igreja presta a Maria Santíssima. O culto de latria — adoração — apenas é dedicado a Deus. Aos santos, a Igreja presta o culto de dulia, ou seja, veneração. E dentre as várias formas de veneração encontramos uma especialmente dedicada à Santíssima Virgem Maria, Hiperdulia. É uma hiper-veneração, por Ela estar acima de todos os Santos e Anjos do Céu, apenas abaixo de Deus.
A VIA DA INTERCESSÃO
Nas Sagradas Escrituras, podemos encontrar a figura de Moisés, o homem escolhido por Deus para guiar o seu povo. No caminho da “Terra Prometida”, em meio às provações do deserto, o povo israelita arde em espírito de revolta contra Deus, que deseja exterminar o seu povo. O Senhor se dirige a Moisés e promete fazer a partir dele uma nova e grande nação. Neste momento, tomado de compaixão, Moisés se torna o grande intercessor de Israel junto a Deus: “Lembra-te de Abraão, de Isaac, e de Israel, os teus servos, aos quais por ti mesmo tens jurado, e lhes disseste: Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas dos céus, e darei à vossa descendência toda esta terra, de que tenho falado, para que a possuam por herança eternamente”. (Ex 32, 13) E com a intercessão de Moisés, Deus desiste de castigar o seu povo: “Então o Senhor arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo”. (Ex 32,14) A súplica de Moisés é ouvida. Ele foi escolhido como intercessor pelo próprio Deus para salvar o povo, a fim de assegurar a realização de suas promessas.
Com efeito, de modo análogo às Bodas de Caná, Deus ouve especialmente a voz d’Aquela que é sua Mãe Santíssima.
Mãe do Salvador e Mãe da Graça, que também nos foi dada como Mãe, Maria é um caminho fácil e seguro para que nossos pedidos cheguem até Deus.
Ela intercede por nós junto a Ele, de modo a nos alcançar graças e garantir em nós a realização de suas promessas.
A DEVOÇÃO A MARIA PÕE EM RISCO O AMOR A JESUS?
Alguém poderia objetar: “A devoção à Maria põe em risco o meu amor a Jesus! Não posso me consagrar diretamente a Ele?”
Se uma simples exposição sobre o valor da intercessão não é suficiente para dissipar dúvidas, tomemos o testemunho dos santos.
Entre a plêiade de homens consagrados a Jesus por meio de Maria, podemos citar o Padroeiro de nossa cidade, São Pio X, o Papa que erigiu esta diocese em 1910, desmembrando-a da antiga arquidiocese de Diamantina.
Em uma carta datada de 27 de dezembro de 1908, o pontífice escreve: “Recomendamos vivamente o Tradado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, tão admiravelmente escrito pelo Beato Montfort; e a quantos lerem este Tratado, concedo minha bênção apostólica”.
Por que não mencionar nosso saudoso Papa São João Paulo II? Ele, quando jovem, também teve suas interrogações acerca desta devoção.
“Houve um tempo em que, de certa forma, pus em dúvida o culto a Maria, temendo que minha devoção a Maria pusesse em risco a supremacia do culto a Cristo. Foi então que me veio em ajuda o livro o Tratado da verdadeira devoção.
Nele encontrei resposta para as minhas perplexidades: Sim, Maria nos aproxima de Cristo, nos conduz a Ele.
Compreendi então que não podia excluir da minha vida a Mãe do Senhor, sem desatender a vontade de Deus-Trindade, que quis “iniciar e realizar” os grandes mistérios da história da salvação com a colaboração responsável e fiel da humilde serva de Nazaré. Também de lá extrai o Totus Tuus. A expressão deriva de São Luís Maria Grignion de Monfort.
Sou todo vosso e tudo que tenho vos pertence; ó gloriosa Virgem, bendita sobre todas as coisas criadas, que eu vos ponha como marca sobre meu coração, pois vossa dileção é mais forte que a morte”. (“Não tenham medo”, André Frossard, p. 143-145)
Como podemos observar, São João Paulo II afirma de maneira esplêndida, que o próprio Deus quis iniciar e realizar os grandes mistérios da salvação por meio de sua Mãe Santíssima Maria.
Sim. Por meio de Maria, através da Encarnação do Verbo, Deus quis reformar o mundo. Deus quis nascer por meio d’Ela para dar início à nossa redenção e em consequência, restaurar toda a humanidade.
Se Deus quis restaurar a humanidade por meio de Maria, porque não alcançar a restauração de nossas almas por meio d’Ela?
E como não utilizar o mesmo caminho que o próprio Deus serviu para chegar até nós?
“TODAS AS GERAÇÕES ME CHAMARÃO BEM AVENTURADA!”
São Maximiliano Kolbe, martirizado no Campo de Concentração nazista de Auschwitz, encontrou forças para o seu holocausto na devoção a Maria, de quem era grande devoto. Sobre o amor a Nossa Senhora chegou a afirmar: “Não tenham medo de amar demasiado a Imaculada; jamais poderemos igualar o amor que teve por Ela o próprio Jesus: e imitar Jesus é nossa santificação. Quanto mais pertençamos à Imaculada, tanto melhor compreenderemos e amaremos o Coração de Jesus”. De fato, quem amou mais a Maria que o próprio Jesus? Nunca conseguiremos nos igualar ao amor que Ele mesmo teve por sua Mãe Santíssima.
E em todo o mundo, nas mais variadas catedrais, igrejas, capelas ou simples oratórios, nas casas, poderemos encontrar o culto da Santíssima Virgem Maria, e dedicarmos o nosso amor à Ela.
Diante das imagens da Santíssima Virgem Maria esculpidas com amor e esmero, poderemos rezar e, em algumas mais especialmente, observar a figura do Menino Jesus em seu colo, abraçando-a com amor e confiando a Ela todos os seus cuidados.
Imitemos o Menino Jesus, colocando-nos nos braços de Maria. Estejamos também nós nas gerações que proclamam as glórias e os louvores de Maria. “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1, 48).
Dediquemos a Ela todo o nosso amor, certos de que Maria Santíssima é a via mais fácil e mais perfeita para nos aproximarmos de Deus e alcançarmos nossa salvação.
Pe. Wagner Morato
(Texto da revista “Clarão do Norte”, de 15 de dezembro de 2017)