Aproveitando o fim de ano, resolvi por em ordem minhas gavetas e outras coisas. Curioso que quase sempre encontro algo que tinha guardado às pressas. No caso concreto, era a última página de algum folheto que peguei não sei onde. Infelizmente não constava o nome do autor. Dou assim, tal como o encontrei na gaveta.
Um pai, em uma situação muito confortável de vida, resolveu dar uma lição a seu filho ensinando o que é ser pobre. Para isso, ficaria hospedado por alguns dias na casa de uma família de camponeses.
O menino passou três dias e três noites vivendo no campo.
No carro, voltando para a cidade, o pai lhe perguntou:
— Como foi sua experiência?
— Boa — respondeu o filho, com o olhar perdido à distância.
— E o que você aprendeu?
— Que nós temos um cachorro e eles têm quatro.
Nós temos piscina com água tratada, que chega até metade do nosso quintal. Eles têm um rio sem fim, de água cristalina, onde têm peixinhos e outras belezas.
Importamos lustres do Oriente para iluminar nosso jardim , enquanto eles têm as estrelas e a lua para iluminá-los.
Nosso quintal chega até o muro. O deles chega até o horizonte.
Compramos nossa comida industrializada e esquentamos em micro-ondas, eles cozinham em fogão à lenha.
Ouvimos CD’s, iPhones, eles ouvem a sinfonia de pássaros, grilos, do vento que parece cantar nas árvores.
Para nos protegermos vivemos rodeados por um muro, com alarmes, câmeras, e os guardas de segurança… Eles vivem com suas portas abertas, protegidos pela amizade de seus vizinhos.
Vivemos conectados ao celular, ao computador, sempre plugados, neuroticamente atualizados. Eles estão “conectados” à vida, ao céu, ao sol, à água, ao campo, animais, às suas sombras, à sua família.
O pai ficou impressionado com a profundidade de seu filho e então o filho terminou:
— Obrigado, pai, por ter me ensinado o quanto somos pobres!
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Ilustrações: Wiki, freepick, divulgação.
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