Na excursão anterior pudemos chegar “mais perto do Céu” ( Clique aqui), desta vez encontramos algo do Céu nas profundezas da terra.: fomos à Gruta Rei do Mato, um enorme “palácio” que Deus criou.
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Da gruta à catedral medieval
Num passeio a Sete Lagoas – MG, com jovens aspirantes dos Arautos, nestas férias de janeiro, tivemos a oportunidade de penetrar, e de viver um pouco dentro do silêncio ora majestoso, ora recolhido e profundo da gruta Rei do Mato.
Esta gruta com seus enormes salões, adornados com magníficas estalactites e estalagmites brilhantes, foi objeto do encanto de todos os jovens que por ali passaram. À medida que íamos adentrando, percebemos que o brilho das estalactites variava de acordo com a intensidade da luz, que incidia sobre elas e às vezes, cintilavam como se estivessem recebendo a luz do sol, outras vezes, devido ao bruxulear da luz, ficavam com tonalidades mais amenas e partes da gruta eram envolvidas por uma misteriosa penumbra.
Contemplando aqueles diversos aspectos de uma mesma gruta, me veio a mente os diferentes tipos de grutas existentes pelo mundo; as grutas iluminadas e as não iluminadas, as já conhecidas pelo homem, e aquelas reservadas até o momento apenas ao conhecimento de Deus e de seus anjos. Quantas maravilhas ainda não reveladas aos homens, escondidas pela natureza, reservadas por desígnio da Divina Providência para o futuro.
Só de pensar que foi numa abençoada gruta em Subiaco, que São Bento inspirado e ao mesmo tempo tomado pelo Espírito Santo, abandonou o convívio dos homens para viver a sós com Deus, e ali numa gruta silenciosa e austera, ora na penumbra de uma provação ou nas grandes consolações do convívio divino, concebeu, idealizou e fez nascer um novo estilo de vida religiosa, os beneditinos. Da gruta onde vivera São Bento nasceu Subiaco, primeiro mosteiro da ordem. Subiaco irradiou a luz da vida religiosa por toda a Europa, e em pouco tempo o continente estava pervadido de mosteiros beneditinos.
A santidade dos monges e a beleza da vida contemplativa atraíam as pessoas, que construíam suas moradias em volta dos mosteiros, surgindo assim os vilarejos, as vilas e os grandes burgos. Dessa união da vida monástica com a vida civil, e do amor do medieval pelo belo, nascia a catedral medieval, obra prima da civilização cristã. Assim o raio de luz que brilhou na gruta de Subiaco é o mesmo que iluminou e ilumina até hoje a torre da Catedral.
Quantas reflexões pudemos fazer, numa bela gruta do interior de Minas Gerais, imaginando a ação de Deus durante a história, a partir de um monge santo e uma simples gruta.
Luis Bernardo