“Nossa atual mania de pesquisas e previsões é sintoma de nossa incerteza crônica em relação ao futuro. Mesmo quando as previsões se revelam erradas, continuamos atrás delas”.
“No passado, as sociedades tinham uma forte noção de uma vida eterna após a morte e, por isso, eram indiferentes a prognósticos, adivinhações e ‘profecias’” ⁽¹⁾.
Esta frase estava num folheto na sala de espera do dentista. Sobre ela, alguém havia escrito em letras bem grandes:
“É isso mesmo: deixamos de acreditar no certo para acreditar em charlatães!!!”
Por que trocamos o certo pelo duvidoso?
Um trecho do Evangelho, seguido de uma consideração baseada no magnífico “Livro da Confiança” parece dar bem a atitude mais coerente com nossa fé.
“Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas?
E por que vos inquietais com as vestes? Olhai os lírios do campo; não trabalham nem fiam. Entretanto, eu vos digo: nem o próprio Salomão no auge de sua glória se vestiu como um deles.
Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos?
São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso” (Lc 6, 26-32).
Analisemos bem as palavras de Jesus:
Deus não nos trata com mesquinhez. No exercício de sua providência, como na Criação, Deus é de uma imensa prodigalidade.
Olhemos o Universo: quando Ele lança os mundos através dos espaços, tira do nada milhões de astros ⁽²⁾.
Para alimentar os pássaros, dá-lhes a mesa opulentíssima da natureza: os frutos que o sol amadurece, as sementes que o lavrador lança nos sulcos dos arados, os grãos das imensas plantações. Que lista variada para a alimentação dessas humildes bichinhos!
Quando cria os vegetais com que graça enfeita as suas flores! Lavra-lhes a corola como se fossem joias preciosas, lança deliciosos perfumes em seus cálices, tece-lhes as pétalas de uma seda brilhante e as adorna com pinturas que os melhores artistas invejam.
E, tratando-se do homem, a sua obra-prima, o irmão adotivo do Verbo Encarnado, sua generosidade seria menor? ⁽³⁾
Jesus conclui seu ensinamento, dizendo:
“Vosso Pai conhece as vossas necessidades.
Procurai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essa coisas vos serão dadas por acréscimo” (Lc 6, 32-33).
Quando não se tem o acréscimo, não será porque não procuramos o Reino de Deus?
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(1)Eric Hoffer (escritor norte-americano, autor de várias obras premiadas. Faleceu em 1983) apud Pensamentos salutares, s/n, citado em folheto sem indicação de editor.
(2) Recentes pesquisas astronômicas afirmam que há mais astros do que grãos de areia nas praias de toda a terra (http: www.nasa.gov/)
(3) Adaptado do Livro da Confiança, Pe. Thomas de Saint-Laurent. (Este magnífico livro é encontrável nas livrarias católicas ou via internet)
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