Silêncios que falam

Em seu Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, São Luís Grignion tem a seguinte expressão para ressaltar a profunda humildade de Nossa Senhora: “Deus Espírito Santo consentiu que os apóstolos e evangelistas a ela mal se referissem e apenas no que fosse necessário para manifestar Jesus Cristo” (1).

Entretanto lendo cuidadosamente os Evangelhos, podemos ver a presença de Maria Santíssima em aparentes silêncios. Vejamos alguns.

 

Segundo os mais recentes estudos, os Evangelhos foram escritos entre os anos 49 e 94 (2). Ou seja, o primeiro deles (São Mateus) cerca de 16 anos após a morte de Jesus. Dos personagens presentes desde a Anunciação até o início da vida pública de Jesus, apenas Nossa Senhora estava viva, e, além disso, era a única que esteve presente:

— na Anunciação do Anjo;

— no Nascimento de Jesus;

— na Apresentação de Jesus no Templo;

— na fuga para o Egito;

— na perda e encontro do Menino Jesus no Templo.

Por isso muitos estudiosos dos Evangelhos têm por certo – ou quase tanto – ter sido Nossa Senhora quem narrou os fatos acima aos evangelistas. Estes, inspirados pelo Espírito Santo, citam Maria Santíssima “apenas no que fosse necessário para manifestar Jesus”, como afirma São Luís Grignion, “para atender aos pedidos que Ela fez [a Deus] de escondê-la”. (3)

 

 

(1)  São Luís Grignion de Montfort, Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, Ed. Vozes, Petrópolis, 46ª edição, nº 4, p. 20.

(2)  Ver entre outras obras, “Los Evangelios”, (por uma comissão de exegetas, Salamanca), BAC, Madrid, 2005.

(3) Op. cit. , nº 3, p.19.

 

Ilustração: Reprodução (ok.ru).

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