OLHOS AZUIS COMO AS NOITES DO ORIENTE…

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Certo autor definiu a cultura como “aquilo que fica na alma quando a pessoa esqueceu tudo”. Foi o que aconteceu ao lembrar que hoje é a data de um aniversário: o de Nossa Senhora.

Desde tempos imemoriais — alguns autores falam que desde o tempo dos Apóstolos — a Igreja comemora o nascimento de Maria Santíssima. E com razão, pois, sendo Ela a Mãe escolhida por Deus, louvá-la é louvar o Filho. Como também seria ofender o Filho não respeitar a Mãe.

STELLA MATUTINA – ESTRELA DA MANHÃ

Assim como próximo ao nascer do sol, certa estrela aproxima-se do horizonte, assim, sabendo do nascimento da Virgem Santíssima, pode-se ter certeza que estava para nascer o Sol da Justiça, Jesus Cristo.

Mas, o que ficou na mente quando esqueci tudo? Ficou a poética imagem de certo autor — esqueci o nome (aqui está o esquecimento…) — ao descrever a Menina Maria Santíssima. Diz ele em certo trecho que Maria tinha os “olhos azuis, de um azul profundo como as noites do Oriente”.

Imagem poética sem dúvida, mas que parece dar algo do que foi Maria, a Mãe escolhida por Deus desde toda eternidade.

MARIA OBTEVE O QUE A QUATRO MIL ANOS A HUMANIDADE ANSIAVA

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Até o feliz dia do nascimento do Salvador, gerado nas entranhas virginais de Maria, o mundo esteve envolto nas trevas do paganismo, dos vícios e da idolatria. Durante séculos almas santas haviam rogado a Deus pela vinda do Redentor, porém, a hora designada por Deus ainda não havia chegado…

A partir do nascimento de Maria as relações de Deus com a humanidade se modificaram: as portas do céu até então trancadas, começaram a deixar filtrar luzes de esperança no sentido de que seriam abertas em breve. Por isso a justo título Maria Santíssima é chamada de Stella Matutina, a estrela que anuncia o nascer do sol.

STELLA MATUTINA, STELLA MARIS – A ESTRELA DO MAR

Um fato ocorrido nos últimos anos dos navios à vela ilustra bem esse papel de Maria Santíssima como esperança dos que nela confiam. (*)

Um belo veleiro, — o “Semper fidelis” — ao transpor o tempestuoso cabo Horn no extremo sul da América, teve um de seus tripulantes lançado ao mar. Imediatamente atiraram-lhe dois salva-vidas, a um dos quais se agarrou e foi resgatado.

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Em meio à tempestade o outro salva-vidas desaparecera. O navio ora avançava um pouco, ora recuava arrastado pelos ventos. Nisso se passou a noite.

Ao alvorecer, com o mar um tanto calmo, o outro salva-vidas flutuava longe do navio e agarrado a ele, extenuado, um marujo.
Era Jacques, corajoso marinheiro, conhecido por levar uma séria vida de oração e pelo fato de acolitar todas as Missas que o Capelão de bordo celebrava.

O que acontecera?

Jacques, nadador exímio, ao ouvir o grito de “homem ao mar!”, lançou-se às ondas, na esperança de poder ajudar o naufrago. A violência da tempestade, porém, não o permitiu. Viu o marujo ser recolhido, mas sabia não ser do conhecimento de ninguém o fato de ser ele agora o naufrago.
Aproveitando uma trégua da tempestade, o navio içou velas e… distanciou-se. A Jacques só restava agarrar-se à segunda boia.

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Não tinha ele nenhuma função escalada para aquele dia; provavelmente não dariam por falta dele…

Veio outra noite. Escura, céu encoberto, rajadas de chuva e vento gélido o impediam de ver as estrelas, mas no seu coração a Stella Maris [Estrela do Mar], a quem tanto amava, não se apagara nem um instante. Rezava confiante a Nossa Senhora e resistia.

Durante a madrugada o temporal amainou, e um vento forte se fez sentir. O céu começou a clarear debilmente, e nele brilhava a estrela matutina. Jacques porém estava extenuado, faminto e enregelado… mas rezando.

Antes do sol aparecer, surge no horizonte a silhueta de um navio, empurrado pelo vento em sua direção. Era o “Semper fidelis”. Junto com a estrela matutina chegava-lhe a salvação.

Nossa Senhora, a Stella Maris, não o abandonaria jamais, ele bem o sabia.

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(*) Este fato é narrado pelo Pe. Raul Plus em sua obra “Maria em nossa história divina”, Ed. Tipografia União Gráfica, Lisboa, 1943.

Ilustrações: Arautos do Evangelho, Pe. Timothy Ring, freewalpapers, wiki.

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