O eco da voz de Deus

Ao ecoarem seus sons pelos ares do mundo cristão, os sinos tornaram-se inseparáveis símbolos das graças obtidas pelos fiéis no interior dos templos. Esta talvez seja uma das razões do aparecimento do costume, que até hoje perdura, de benzer os sinos antes de erguê-los ao alto das torres.

Mãe sempre solícita, a Igreja constituiu em sacramental esta bênção, tornando o badalar dos sinos um veículo de graças para o povo de Deus, atraindo os anjos, afugentando os espíritos malignos, transmitindo seus próprios sentimentos quando ela suplica ou agradece, quando chora ou se rejubila.

No bronze de muitos sinos, pode-se ver uma singela inscrição que bem resume as mais importantes funções a eles conferidas pela Igreja: “Louvo o Deus verdadeiro, convoco o povo, congrego o clero, choro os defuntos, dissipo as tempestades, dou brilho às festas.”

Suspensos entre o céu e a terra, no alto dos campanários, onde não os alcança a agitação do mundo, são os sinos uma permanente imagem da vocação de todos os verdadeiros discípulos do Divino Mestre: sempre voltados para a contemplação de Deus e considerando os vaivens do acontecer humano desde os mais altos píncaros da Fé, atraindo infatigavelmente os homens para a verdadeira Religião e proclamando sem cessar a glória infinita de Deus, nosso Senhor.

Por isso, tocam os sinos para a quotidiana reza do Ângelus e ressoam durante a solene bênção do Santíssimo Sacramento; repicam com júbilo ao ser entoado o Glória nas principais festas, e logo após a Consagração,ao ser elevada a Sagrada Hóstia, segundo o costume instituído pelo Papa Gregório IX.

Mas não só nos momentos de alegria seus sons se fazem ouvir. Durante o transe supremo da agonia, quando o destino eterno de uma alma se decide, eles tocam lentamente, avisando a comunidade que um fiel trava nesta Terra seu último combate, implorando assim a todos que orem pela salvação de um irmão.

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(Trecho do artigo de igual título do Pe. Pedro Morazzani Arráiz, EP, na revista “Arautos do Evangelho”, n° 20, agosto de 2003, p. 24.)

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