O pequeno lírio para o qual Jesus olhou

O Evangelho refere-se à flor que pela manhã é fresca e bela, mas que à tarde já perdeu seu viço e murcha. Apresentamos ao caro visitante a narrativa de um lírio que, sem perder seu viço e beleza, antes do meio dia foi colhido por Deus.

Trata-se de uma criança irlandesa do início do século XX, que viveu durante o pontificado de São Pio X, o Papa que possibilitou às crianças, sob determinadas condições, receberem a Primeira Comunhão.

Ellen Organ — ou Nellie como afetuosamente lhe chamavam — tendo ficado órfã foi acolhida no Mosteiro do Bom Pastor. Devido a enfermidade que a prendia ao leito e à sua pouca idade — tinha pouco mais de 3 anos — foi alojada dentro da clausura, próximo à cela da religiosa que dela cuidava.

      Ellen (Nellie) Organ – uma das poucas fotos dela

Impressionava a Nellie a alegria e bondade da religiosa ao trazer-lhe a refeição da manhã, logo após ter comungado na Missa conventual. Ia fazendo perguntas e acabou por compreender e sobretudo a amar a Jesus na Eucaristia.

Como não podia comungar devido a pouca idade, pedia à religiosa que viesse abraçá-la logo depois de receber Jesus e voltar para o final da Missa. Seu conhecimento e desejo de receber a Eucaristia ia crescendo. Certo dia pediu para receber Jesus, a quem ela chamava “o Deus Santo”. Foi dito a ela que ainda tinha pouca idade, mas em nada isso diminuía seu desejo da Eucaristia.

Durante um retiro pregado à comunidade, o sacerdote, sabendo do desejo de Nellie, foi vê-la. Saiu impressionado de como ela tinha bem claro o que era a Eucaristia: era “o Deus Santo” escondido na hóstia. Perguntado o que aconteceria se recebesse a Comunhão, respondeu “Jesus descansará na minha língua e depois descerá ao meu coração”.

O sacerdote atestou que ela já tinha o uso da razão e discernia bem o que era a Eucaristia. Consultou o Bispo, o qual aprovou que se lhe fosse dada a comunhão.

No dia de receber Jesus contava ela com 4 anos e 3 meses, era dezembro de 1907. Ao receber a Eucaristia pela primeira vez os circunstantes narram que o rosto de Nellie ficou visivelmente luminoso, parecendo que dele saia uma intensa luz. Esse fato repetia-se todas as vezes que voltou a comungar.

      Convento do Bom Pastor – Cork -Irlanda

Outro fato também inexplicável: Nellie padecia de grave enfermidade nos ossos, seu maxilar e gengivas tinham apodrecido e exalavam um forte mau odor. A partir da Primeira comunhão, embora a doença permanecesse, o mau odor desapareceu.

Pouco menos de 2 meses depois da Primeira comunhão Nellie faleceu placidamente, embora, pela natureza da doença, devesse estar com fortes dores. Assim como ela, o “Deus Santo” tinha pressa em recebê-la.

Ao ser transferido o seu corpo para o convento 18 meses depois da morte, constataram que seu corpo estava intacto e que os sinais das enfermidades haviam desaparecido. Seu vestido de Primeira comunhão, com o qual foi enterrada, também estava intacto.

Até hoje seu túmulo é visitado por milhares de pessoas. Seu corpo repousa no Convento do Bom Pastor, em Cork, Irlanda.

Esse foi um dos fatos que levou o grande São Pio X a permitir o acesso à Eucaristia por crianças menores, desde que saibam distinguir entre o pão comum e o pão eucarístico.

Fontes:

  • Des Ronces, Bernard, Nellie, a pequena violeta do Santíssimo Sacramento, Bom Pastor, Paris, 1908, 240 páginas. De acordo com o Pe. Reginald Garrigou-Lagrange esse livro despertou admiração e prazer no Papa Pio X (ver sua obra “As três idades da vida interior”, Herder, 1951, p.44)
  • The Life of Little Nellie of Holy God, compilação da editora Tan Books, Rockford, Illinois (USA), 2007.
  • Dominic, Irmã Mary, Little Nelie of Holy God, Tan Books, 2006.

 

Ilustrações: Arautos do Evangelho, Pixabay, Wikimedia

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