AS SOLENES POMPAS DA NATUREZA

Quem parar um pouco para observar os fenômenos climáticos ou geológicos, com facilidade notará que nada do que se passa na natureza apresenta traços de intemperança, agitação ou precipitação. Nada sugere ao espectador frenesi ou abalo de temperamento.

Pelo contrário, Deus pôs na ordem da criação tal sobriedade, tal majestade,tal solenidade, que se poderia dizer haver nesses fenômenos um cerimonial do universo, renovado a cada dia.

Lucas Garcia Pinto

Ainda em se tratando de algo violento, como um vulcão em erupção, ou uma tempestade em alto-mar, o cenário é de pompa e nobreza.

Aquela coluna de fumaça do vulcão, que parece subir ao Céu como o incenso oferecido a Deus pela natureza, é sucedida pelo magma ígneo que escorre, encosta abaixo, solene, avassalador e… terrível.

Na tempestade, nuvens escuras toldam o firmamento, enquanto relâmpagos coruscam pelo horizonte, e trovões ameaçadores compõem o fundo musical deste grandioso espetáculo de cólera. De uma cólera majestosa e imponente.

Em resposta ao céu, o mar lança ao alto suas ondas, como que desafiando o firmamento. O rugido das vagas responde ao estrondo dos trovões. E o mar descarrega sua fúria sobre as rochas e penhascos, que lhe fazem resistência, defrontando com altivez a força das águas revoltas.

Magníficos reflexos da justiça divina!

Já nos pores-do-sol, é a bondade indizível do Criador que se manifesta com particular brilho e riqueza. Bem se entende o motivo pelo qual certos povos com veio contemplativo mais acentuado — como o indiano,por exemplo — se extasiam cada dia diante dos magníficos entardeceres.Com tanta exuberância se apresenta este fenômeno nas praias da misteriosa e atraente Índia, que famílias inteiras cobrem as areias para, quiçá,ouvir intuitivamente a mensagem que Deus quer lhes transmitir através das multicolores vestimentas do céu.

Diz-se que o homem é aquilo que come. Com mais propriedade, pode-se dizer que a alma humana é aquilo que admira. Será pela contemplação enlevada desses diversos cerimoniais da natureza que algo da grandeza divina do Criador penetrará em nossos corações.

(Artigo publicado originalmente na revista “Arautos do Evangelho”, nº 94, outubro de 2009, p. 50-51)

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