O HEROISMO DE NATÁLIA

……………Natália Tulasiewicz, comemorada hoje, 31 de março, pela Igreja, nasceu na Polônia em 1906, recebendo da família os fundamentos da fé e piedade — especialmente da devoção a Nossa Senhora — que a levaria aos altares.

Desde a primeira juventude dedicou-se ao apostolado entre leigos, especialmente as jovens. Consagrou-se de corpo e alma a este apostolado, fazendo parte da Sociedade de Maria.

Em setembro de 1939, sua pátria, a católica Polônia, é invadida a oeste pelas tropas da Alemanha nazista e a leste pela Rússia comunista. Ambos invasores eram abertamente contrários ao catolicismo: as igrejas foram fechadas e transformadas em depósitos, oficinas e postos militares. Em poucos anos, nazistas e comunistas exterminaram mais de seis milhões de poloneses, católicos em sua maioria.

Natália presenciava impotente a sua nação ser aniquilada e a religião Católica perseguida. Pela sua confiança em Deus sabia que o mal, ainda que por momentos pareça invencível, é derrotado pela ação misericordiosa de Deus.

Foi proibida de lecionar e enviada para outra cidade, onde, supunham erradamente, seu ardor apostólico ficaria difícil de ser exercido. Puro engano: sua fé viva, sua piedade incutia confiança e esperança. Animava todos a esperarem em Deus e Maria Santíssima e a se colocarem sob a proteção divina.

Natália amava a música

Trabalhos forçados… voluntários

O zelo de Natália não se restringia a conselhos e bons exemplos. Os invasores selecionaram cerca de trezentas jovens para as enviarem executar trabalhos forçados na Alemanha. Natália, vendo que, pela pouca idade e experiência delas, ficariam expostas a toda forma de infortúnios, sem nenhuma forma de socorro espiritual, conseguiu um meio de alistar-se entre as que deviam ser deportadas.

Essa atitude heroica era fruto de uma fidelidade de anos na sua vida de oração, de aprofundamento nas verdades católicas que aprendera ainda em pequena no seio da família.

Convém notar que Natália era professora (nessa época proibida pelos nazistas de lecionar), tinha feito brilhantemente vários cursos, inclusive superiores, era afeiçoada à música — defendera tese — “Mickiewicz e a música” —, escrevia para vários jornais, viajara para outros países, etc. O melhor de si, entretanto, era consagrara-se de corpo e alma ao apostolado, fazendo parte da Sociedade de Maria. Procurava amiúde ver os reflexos de Deus na natureza e tinha horizontes e virtude para expressar-se assim: “Há uma dupla fome dentro de mim: a fome de santidade e a fome da beleza”.

Como operária, na fábrica-campo de concentração, em extenuantes e longas horas de trabalho pesado, dedicava-se a animar e incutir esperança em suas jovens companheiras de cativeiro. Muitas, após a guerra, testemunham que foram as palavras de Natália, fecundadas pela graça, que as tinham mantido vivas e salvaguardado as virtudes e a fé.

Seu labor apostólico não passou despercebido à Gestapo, a polícia secreta política nazista, pela qual foi presa, atrozmente torturada e enviada ao campo de extermínio.

Palavras de entusiasmo às portas da câmara de gás

Natália passou a Semana Santa de 1945 aos pés do que seria o seu Calvário: a câmara de gás. Na Sexta-feira Santa, suas forças estavam no fim devido aos maus tratos sofridos; entretanto, esta admirável mulher reuniu as companheiras de martírio e proclamou um emocionante discurso sobre a Paixão e Ressurreição de Nosso Senhor, que as encheu de esperança e ânimo.

Beata Natália foi morta numa câmara de gás semelhante a esta

No Domingo de Páscoa seguinte, 31 de março de 1945, foi morta na câmara de gás, e, no Céu recebeu, de Deus, a coroa de glória.

Dois dias depois o campo de extermínio foi liberado pelas forças aliadas e após pouco mais de um mês a Alemanha nazista rendeu-se.

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Em 1999, o Papa João Paulo II, beatificou Natália e outras 107 vítimas da perseguição nazista. Natalia Tulasiewicz é comemorada no Martirológio Romano no dia 31 de março.

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Biografia completa: Barbara Gudz, “Beata Natalia Tulasiewicz – apóstola do bom exemplo”. Ed. ELF, Poznan (Polônia), 2008.

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